Advérbio

O estudo do advérbio exige compreensão ampla dos aspectos semânticos dessa classe gramatical para a devida classificação dos elementos no texto.

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Basicamente, podemos afirmar que advérbio é a palavra que modifica o sentido do verbo, acrescentando-lhe uma circunstância. Pode também se referir a um adjetivo ou a outro advérbio, ou, até mesmo, a uma oração inteira. Dessa forma, os tipos de advérbio podem indicar lugar, tempo, modo, intensidade, dúvida, afirmação e negação. Além disso, temos as locuções adverbiais, que são expressões constituídas de duas ou mais palavras exercendo função adverbial.

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Os advérbios também são suscetíveis ao processo de gradação e podem apresentar estrutura no superlativo ou comparativo, semelhantemente ao que acontece com os adjetivos.

Leia também: Conjunção – classe de palavras que relacionam orações em um mesmo enunciado

Tópicos deste artigo

Função do advérbio

O advérbio possui a função de modificar o sentido do verbo, acrescentando-lhe uma circunstância. Pode também se referir a um adjetivo ou a outro advérbio, ou, até mesmo, a uma oração inteira. A função de caracterizar o verbo pode ser percebida na formação da própria palavra advérbio, em que o prefixo -ad indica proximidade, contiguidade. Sendo assim, do ponto de vista funcional, os advérbios desempenham função morfológica e sintática.

Advérbio do ponto de vista morfológico

O advérbio não flexiona em gênero nem em número, ou seja, trata-se de uma classe gramatical invariável.

Exemplo:

A mãe sempre foi menas paciente que a filha.

Notadamente a frase acima está com problema gramatical, pois o advérbio de intensidade menos sofreu flexão de gênero, contrariando à norma que orienta a invariabilidade dessa palavra. Portanto, o correto é:

A mãe sempre foi menos paciente que a filha.

Advérbio do ponto de vista sintático

O advérbio refere-se a um verbo, a um adjetivo, a uma locução adjetiva, a um advérbio ou a uma locução adverbial, exercendo somente a função sintática de adjunto adverbial.

Exemplos:

Sempre trabalhou muito.
(O advérbio de intensidade muito modifica o verbo trabalhar.)

Permaneço bastante disposto.
(O advérbio bastante modifica o adjetivo disposto.)

Comprou um carro muito fora de moda.
(O advérbio muito modifica a locução adjetiva fora de moda.)

As crianças dormiram mais tarde
(O advérbio mais modifica o advérbio tarde.)

O professor surgiu tão de repente em sala de aula.
(O advérbio tão modifica a locução adverbial de repente.)

Diariamente estudamos para a prova.
(O advérbio diariamente modifica a oração estudamos para a prova.)

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Tipos de advérbios

A classificação dos advérbios ocorre a partir da circunstância que expressam. Com isso, a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) reconhece sete classificações.

Classificação dos advérbios

  • Advérbios de lugar: longe, perto, aqui, ali, lá, junto, acima, abaixo, embaixo, atrás, adiante etc.

    Exemplo:

Estamos perto da casa de nossos pais.

  • Advérbios de tempo: hoje, ontem, amanhã, já, jamais, nunca, sempre, antes, cedo etc.

Exemplo:

Você sabe que jamais viverei sem seu amor.

  • Advérbios de modo: bem, mal, melhor, pior, assim, e a maioria dos advérbios terminados em -mente: cautelosamente, suavemente, felizmente.

Exemplo:

Preciso agir cautelosamente.

  • Advérbios de negação: não, tampouco, nunca etc.

    Exemplo:

Não deixe nada para depois.

  • Advérbios de dúvida: talvez, quiçá, acaso, possivelmente, provavelmente, etc.

    Exemplo:

Talvez nos vejamos na próxima semana.

  • Advérbios de intensidade: muito, pouco, bastante, bem, mais, menos, demais, tanto, tão etc.

Exemplo:

Diga um verso bem bonito.

  • Advérbios de afirmação: sim, certamente, realmente etc.

Exemplo:

Certamente o Brasil será um país desenvolvido.

Leia também: O que é adjunto adverbial?

Locução adverbial

Trata-se do conjunto de duas ou mais palavras que possuem valor de advérbio. As locuções adverbiais formam-se a partir da associação de uma preposição com um substantivo, com um adjetivo ou com um advérbio, possuindo os mesmos valores semânticos do advérbio. Veja, a seguir, algumas locuções adverbiais e as circunstâncias que elas expressam.

Lugar: por dentro, por fora, em cima, por cima, por baixo, por perto, à direita, à esquerda, ao lado.

Exemplo:

Por favor, vire à direita.

Tempo: depois de amanhã, em breve, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, hoje em dia, de madrugada.

Exemplo:

Em breve, nossas rotinas voltarão ao normal.

Modo: à vontade, às pressas, às claras, à toa, de mansinho, em silêncio, de cor.

Exemplo:

Fique à vontade para estudar gramática.

Dúvida: quem sabe.

Exemplo:

Quem sabe isso quer dizer amor.

Afirmação: com certeza, sem dúvida, por certo.

Exemplo:

Com certeza serei aprovado no próximo concurso.

Negação: de modo algum, de jeito nenhum.

Exemplo:

De modo algum tive a intenção de magoá-la.

Leia também: Substantivo – classe de palavras responsável por nomear os seres

Gradação dos advérbios

Alguns advérbios, especialmente os de modo, podem sofrer gradação de dois tipos: comparativo e superlativo, sendo o mesmo processo de gradação dos adjetivos.

Grau superlativo

Divide-se em sintético e analítico.

  • Sintético: acrescenta-se um sufixo ao advérbio, como na palavra muitíssimo (muit é o radical e -íssimo é o sufixo).

     

Exemplos:

Ana é muito educada
Ana é muitíssimo educada.

  • Analítico: o advérbio é modificado por outro advérbio, como em longe demais, perto demais, muito longe, muito bem, tão longe, etc.

Exemplo:

Jô Soares recebeu-me muito bem.

Grau comparativo

Divide-se em grau comparativo de superioridade, igualdade e inferioridade.

a) de superioridade: antepõe-se mais e pospõe-se que ou do que ao advérbio.

Exemplo:

Acordei mais tarde que você.

b) de igualdade: antepõe-se tão e pospõe-se como ou quanto ao advérbio.

Exemplo:

Acordei tão tarde quanto você.

c) de inferioridade: antepõe-se menos e pospõe-se que ou do que ao advérbio.

Exemplo:

Acordei menos tarde que você.

Exercícios resolvidos sobre advérbio

QUESTÃO 1 – (S - 2019) Leia e analise a peça publicitária para responder à(s) questão(ões) a seguir.

Cartaz com a campanha do meio ambiente

Observe os trechos:

I. Você está no meio desse ambiente.

II. Campanha do meio ambiente.

Sobre o vocábulo “meio”, destacado nos trechos, pode-se afirmar corretamente que:

a) em I, exerce a função de predicativo do sujeito “você”.

b) em I, é substantivo que forma uma locução adverbial indicando lugar.

c) em II, está apresentando a circunstância de lugar onde a campanha ocorre.

d) em II, é um advérbio de intensidade e pode ser substituído por “um pouco”.

e) em I e II, são substantivos que formam locuções adjetivas qualificando “você” e “campanha”.

Resposta: letra B. A expressão “no meio desse ambiente” completa a ação verbal, indicando o lugar. Dessa forma, deve ser classificada como locução adverbial de lugar

QUESTÃO 2 - (IFSP 2017) De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e com a gramática normativa e tradicional, assinale a alternativa em que o termo destacado tem valor de advérbio.

a) Não há meio mais difícil de trabalhar.

b) Só preciso de meio metro de aniagem para sacos de carvão.

c) Encarou os meninos carvoeiros, esboçando meio sorriso.

d) Os carvões caíram no meio da estrada.

e) Achei o menino meio triste, raquítico.

Resposta: letra E.

Na alternativa A, “meio” tem valor de substantivo.

Na alternativa B, “meio” tem valor de adjetivo.

Na alternativa C, “meio” tem valor de adjetivo.

Na alternativa D, “meio” tem valor de substantivo. 

Ilustração de uma professora apontando para o quadro escrito advérbio.
O advérbio não ite variação em sua forma e sua principal função é modificar o verbo.
Escritor do artigo
Escrito por: Marcelo Sartel Escritor oficial Brasil Escola
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SARTEL, Marcelo. "Advérbio"; Brasil Escola. Disponível em: /gramatica/adverbio.htm. o em 24 de maio de 2025.
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Lista de exercícios


Exercício 1

(Fumarc)

Rapidinho

Todos nos beneficiamos e nos orgulhamos das conquistas da vida moderna, especialmente da crescente velocidade com que fazemos as coisas acontecerem. Mudanças que antigamente levavam séculos para se efetivarem agora podem ser realizadas em poucos anos, às vezes em poucos meses. Quando não em poucas semanas, ou até em poucos dias. Nas sociedades tradicionais, as normas de conduta, as leis, os costumes, o modo de se vestir, os estilos artísticos tinham uma extraordinária capacidade de perdurar. Tudo se modificava, é claro, mas sempre muito devagar. [...]

Na utilização dos meios de comunicação, os mensageiros foram substituídos pelo telégrafo elétrico, que cedeu lugar ao telégrafo sem fio, ao telefone, à televisão, ao fax, ao e-mail e às maravilhas da eletrônica contemporânea. Não somos bobos, tratamos de aproveitar as possibilidades criadas por todos os novos recursos tecnológicos. Para que perder tempo? Se podemos fazer depressa o que os nossos anteados só conseguiam fazer devagar, por que não haveríamos de acelerar nossas ações? Um dos expoentes do espírito pragmático da modernidade, o americano Benjamin Franklin, já ensinava no século XVIII: “Tempo é dinheiro”, time is money.

[...]

[...]. Uma reflexão que se sabe condenada a desenvolver-se num exíguo prazo predeterminado não será, inevitavelmente, superficial? O pensamento que se formula rapidinho não tende a ser sempre meio oco?

Leandro Konder. In: O Globo, 29/08/96.

Os termos destacados têm natureza adverbial, EXCETO:

A) “Mudanças que antigamente levavam séculos para se efetivarem [...].”

B) “O pensamento que se formula rapidinho não tende a ser sempre meio oco?”

C) “Quando não em poucas semanas, ou até em poucos dias.”

D) “Um dos expoentes do espírito pragmático da modernidade, o americano Benjamin Franklin, já ensinava no século XVIII [...].”

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Exercício 2

(Facape)

Texto I
Em defesa dos adjetivos

Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles; bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha dinâmica e onipresente dos verbos. Contudo, um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no domingo. A luz azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescentes emitem um murmúrio débil.

[...]

O adjetivo está para a língua assim como a cor para a pintura. O senhor do meu lado no metrô: uma lista inteira de adjetivos. Está fingindo que cochila, mas por entre as pálpebras semicerradas observa os colegas ageiros. De vez em quando, o sorrisinho arqueado nos seus lábios vira uma torção irônica. Não sei se o que há nele é desespero calmo, fadiga ou um paciente senso de humor que não se dobra à agem do tempo.

[...]

E também não existiriam as lembranças não fosse pelo adjetivo. A memória é feita de adjetivos. Uma rua comprida, um dia abrasador de agosto, o portão rangendo que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos pelo pó do verão, os teus dedos despachados... (tudo bem, teus é pronome possessivo).

ZAGAJEWSKI, Adam. Piauí. N. 52, jan. 2011. p. 47.

Texto II
Irene no céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
[...]

Manuel Bandeira.

Existe advérbio de lugar na seguinte agem:

A) “Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos” (Texto I).

B) “O bom estilo, conforme dizem, sobrevive perfeitamente sem eles” (Texto I).

C) “O adjetivo está para a língua assim como a cor para a pintura” (Texto I).

D) “Irene sempre de bom humor” (Texto II).

E) “o portão rangendo que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos

pelo pó do verão, os teus dedos despachados...” (Texto I).

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Exercício 3

(Fumarc) A palavra “bastante” pode funcionar como um advérbio ou como um adjetivo. Isso pode interferir na ocorrência (ou não) de concordância nominal na frase.

Qual frase apresenta concordância nominal adequada com a palavra “bastante”?

A) Não havia pratos e talheres bastantes para tantos convidados.

B) O coquetel estava bastante agradável.

C) Os estudantes trabalharam bastante nas férias.

D) Os filmes do Festival de Tiradentes eram bastante interessantes.

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Exercício 4

(Unesp)

Letra de canção e poesia
Antonio Cicero

Como escrevo poemas e letras de canções, frequentemente perguntam-me se acho que as letras de canções são poemas. A expressão “letra de canção” já indica de que modo essa questão deve ser entendida, pois a palavra “letra” remete à escrita. O que se quer saber é se a letra, separada da canção, constitui um poema escrito.

“Letra de canção é poema?” Essa formulação é inadequada. Desde que as vanguardas mostraram que não se pode determinar a priori quais são as formas lícitas para a poesia, qualquer coisa pode ser um poema. Se um poeta escreve letras soltas na página e diz que é um poema, quem provará o contrário?

Neste ponto, parece-me inevitável introduzir um juízo de valor. A verdadeira questão parece ser se uma letra de canção é um bom poema. Entretanto, mesmo esta última pergunta ainda não é suficientemente precisa, pois pode estar a indagar duas coisas distintas: 1) Se uma letra de canção é necessariamente um bom poema; e 2) Se uma letra de canção é possivelmente um bom poema.

Quanto à primeira pergunta, é evidente que deve ter uma resposta negativa. Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema. Mas talvez o que se deva perguntar é se uma boa letra é necessariamente um bom poema. Ora, também a essa pergunta a resposta é negativa. Quem já não teve a experiência, em relação a uma letra de canção, de se emocionar com ela ao escutá-la cantada e depois considerá-la insípida, ao lê-la no papel, sem acompanhamento musical? Não é difícil entender a razão disso.

Um poema é um objeto autotélico, isto é, ele tem o seu fim em si próprio. Quando o julgamos bom ou ruim, estamos a considerá-lo independentemente do fato de que, além de ser um poema, ele tenha qualquer utilidade. O poema se realiza quando é lido: e ele pode ser lido em voz baixa, interna, aural.

Já uma letra de canção é heterotélica, isto é, ela não tem o seu fim em si própria. Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa. Em outras palavras, se uma letra de canção servir para fazer uma boa canção, ela é boa, ainda que seja ilegível. E a letra pode ser ilegível porque, para se estruturar, para adquirir determinado colorido, para ter os sons ou as palavras certas enfatizadas, ela depende da melodia, da harmonia, do ritmo, do tom da música à qual se encontra associada.

Folha de S. Paulo, 16.06.2007.

Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema.

O advérbio necessariamente, nas três ocorrências verificadas na agem mencionada, equivale, pelo sentido, a:

A) forçosamente.

B) raramente.

C) suficientemente.

D) independentemente.

E) frequentemente.

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