Linguagem literária e linguagem não literária

Linguagem literária e linguagem não literária são os tipos de linguagem que um texto pode apresentar.

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Linguagem literária e linguagem não literária são os tipos de linguagem que um texto pode apresentar. Elas apresentam características opostas. Assim, a conotação, a subjetividade e a função estética são elementos típicos da linguagem literária. Já a denotação, a objetividade e a função utilitária são elementos típicos da linguagem não literária. Por exemplo, a poesia utiliza linguagem literária, enquanto uma receita de bolo utiliza linguagem não literária.

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Leia também: O que são as figuras de linguagem?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre linguagem literária e linguagem não literária

  • Linguagem literária e linguagem não literária são os tipos de linguagem que um texto pode apresentar.
  • A linguagem literária é conotativa, subjetiva e não necessariamente utilitária.
  • A linguagem não literária é denotativa, objetiva e utilitária.
  • Um texto é literário quando utiliza linguagem literária.
  • Um texto é não literário quando utiliza linguagem não literária.

Qual a diferença entre linguagem literária e linguagem não literária?

LINGUAGEM LITERÁRIA

LINGUAGEM NÃO LITERÁRIA

Caráter não utilitário

Caráter utilitário ou funcional

Maior subjetividade

Maior objetividade

Conotação

Denotação

Aspecto ficcional

Ausência de ficcionalidade

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Linguagem literária

A linguagem literária é a linguagem dos textos artísticos, pois é plurissignificativa, o que implica grande subjetividade. Um texto com linguagem literária não possui necessariamente uma utilidade prática, mas apenas uma função estética. Afinal, a linguagem literária é mais ambígua e difícil de entender. Além disso, ela não tem compromisso com a realidade, já que privilegia o universo ficcional.

Como exemplo de linguagem literária, veja esta estrofe do poema Clamando..., de Cruz e Sousa:

Tantas guerras bizarras e incoercíveis
No tempo e tanto, tanto imenso afeto,
São para vós menos que um verme e inseto
Na corrente vital pouco sensíveis.

Observe que a linguagem é subjetiva (não é direta, mas emotiva) e apresenta conotação (os termos “guerras” e “afeto” são comparados a “verme” e “inseto”). Por não ser uma linguagem clara, o texto não apresenta caráter funcional.

Veja também: Afinal, o que é literatura?

Linguagem não literária

A linguagem não literária é a linguagem dos textos funcionais, pois é denotativa, o que implica grande objetividade. Um texto com linguagem não literária possui utilidade prática, pois tem um propósito evidente. Afinal, a linguagem não literária é mais clara e fácil de entender. Além disso, ela tem compromisso com a realidade, já que está relacionada a ações práticas do cotidiano.

Como exemplo de linguagem não literária, veja um trecho de uma receita de bolo:

Bata os ovos, o açúcar, o óleo, o achocolatado e a farinha de trigo no liquidificador.

Em uma tigela, coloque a massa, adicione o fermento e mexa bem.

Coloque a massa em uma forma untada e ponha para assar em um forno que foi preaquecido.

Note que a linguagem é objetiva (é direta e não emotiva) e não apresenta conotação (a denotação é total). Por ser uma linguagem clara, o texto apresenta caráter funcional. Afinal ele foi escrito com a função de instruir alguém a fazer um bolo.

Texto literário e não literário

TEXTO LITERÁRIO

TEXTO NÃO LITERÁRIO

Apresenta linguagem literária

Apresenta linguagem não literária

EXEMPLOS

EXEMPLOS

Poesia, conto, novela, romance, letra de música, roteiro cinematográfico e peça teatral.

Relatório, manual de instruções, bula de remédio, receita, notícia, reportagem etc.

Exercícios resolvidos sobre linguagem literária e linguagem não literária

Questão 1

(Enem)

S.O.S Português

Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.

S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, n. 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas linguísticas próprias do uso

A) regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil.

B) literário, pela conformidade com as normas da gramática.

C) técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.

D) coloquial, por meio do registro de informalidade.

E) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.

Resolução:

Alternativa C.

O texto utiliza linguagem não literária típica de textos de caráter técnico ou científico. Assim, é objetivo, denotativo e tem a função de informar. Além disso, usa termos científicos ou técnicos como “dicotômicas”, “código” e “modalidades da língua”.

Questão 2
(Ufla)

“A propósito da diferença entre texto literário e texto não literário, o poeta e ensaísta Paul Valéry diz que, num texto não literário, quando se resume, apreende-se o essencial; no literário, quando se resume, perde-se o essencial.”

Aplicando os conhecimentos acerca das características do texto literário e não literário, marque a alternativa INCORRETA:

A) Quem escreve um texto literário não quer apenas dizer o mundo, mas recriá-lo em palavras.

B) O texto não literário tem, principalmente, função utilitária (informar, explicar).

C) Os conteúdos do texto literário buscam ter um único significado.

D) No texto literário, importa não só o que se diz, mas também o modo como se diz.

E) Entre outras características, o texto literário apresenta os seguintes traços: criação de conotações e plurissignificação.

Resolução:

Alternativa C.

Os conteúdos do texto literário buscam a plurissignificação, isto é, mais de um significado.

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

CRUZ E SOUSA. Broquéis. Porto Alegre: L&PM, 2011.

GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.

Imagem explicando a diferença entre a linguagem literária e a linguagem não literária.
O uso de linguagem literária e linguagem não literária depende da função do texto.
Crédito da Imagem: Gabriel Franco | Brasil Escola
Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Deseja fazer uma citação?
SOUZA, Warley. "Linguagem literária e linguagem não literária"; Brasil Escola. Disponível em: /literatura/linguagem-literaria-naoliteraria.htm. o em 28 de maio de 2025.
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Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(Uerj)

SOBRE A ORIGEM DA POESIA

A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem.

Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo laços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas [...]

No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa relação com as coisas, impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece uma via de o sensível mais direto entre nós e o mundo [...]

Já perdemos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se dasapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis – os poemas – contaminando o deserto de referencialidade.

ARNALDO ANTUNES

No último parágrafo, o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em seguida, uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja, à linguagem referencial.

Pela descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem, o seguinte traço fundamental:

a) O desgaste da intuição

b) A dissolução da memória

c) A fragmentação da experiência

d) O enfraquecimento da percepção

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Exercício 2

(Enem)

Na verdade, o que se chama genericamente de índios é um grupo de mais de trezentos povos que, juntos, falam mais de 180 línguas diferentes. Cada um desses povos possui diferentes histórias, lendas, tradições, conceitos e olhares sobre a vida, sobre a liberdade, sobre o tempo e sobre a natureza. Em comum, tais comunidades apresentam a profunda comunhão com o ambiente em que vivem, o respeito em relação aos indivíduos mais velhos, a preocupação com as futuras gerações, e o senso de que a felicidade individual depende do êxito do grupo. Para eles, o sucesso é resultado de uma construção coletiva. Estas ideias, partilhadas pelos povos indígenas, são indispensáveis para construir qualquer noção moderna de civilização. Os verdadeiros representantes do atraso no nosso país não são os índios, mas aqueles que se pautam por visões preconceituosas e ultraadas de “progresso”.

AZZI, R. As razões de ser guarani-kaiowá. Disponível em: www.outraspalavras.net. o em: 7 dez. 2012.

Considerando-se as informações abordadas no texto, ao iniciá-lo com a expressão “Na verdade”, o autor tem como objetivo principal

a) expor as características comuns entre os povos indígenas no Brasil e suas ideias modernas e civilizadas.

b) trazer uma abordagem inédita sobre os povos indígenas no Brasil e, assim, ser reconhecido como especialista no assunto.

c) mostrar os povos indígenas vivendo em comunhão com a natureza e, por isso, sugerir que se deve respeitar o meio ambiente e esses povos.

d) usar a conhecida oposição entre moderno e antigo como uma forma de respeitar a maneira ultraada como vivem os povos indígenas em diferentes regiões do Brasil.

e) apresentar informações pouco divulgadas a respeito dos indígenas no Brasil, para defender o caráter desses povos como civilizações, em contraposição a visões preconcebidas.

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Exercício 3

TEXTO I

Leia os fragmentos abaixo para responder à questão:

O açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café

nesta manhã de Ipanema

não foi produzido por mim

nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro

e afável ao paladar

como beijo de moça, água

na pele, flor

que se dissolve na boca. Mas este açúcar

não foi feito por mim.

Este açúcar veio

da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.

Este açúcar veio

de uma usina de açúcar em Pernambuco

ou no Estado do Rio

e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana

e veio dos canaviais extensos

que não nascem por acaso

no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital

nem escola,

homens que não sabem ler e morrem de fome

aos 27 anos

plantaram e colheram a cana

que viraria açúcar.

Em usinas escuras,

homens de vida amarga

e dura

produziram este açúcar

branco e puro

com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228)

TEXTO II

A cana-de-açúcar

Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A região que durante séculos foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis solos de massapé, além da menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível.

Com relação aos textos I e II, assinale a opção incorreta:

a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real, ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principalmente como um meio de refletir e recriar a realidade.

b) No texto II, de expressão não literária, o autor informa o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc.

c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum — açúcar — e vai ampliando seu potencial significativo, explorando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o açúcar — branco, doce, puro — e a vida do trabalhador que o produz — dura, amarga, triste.

d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de novas formas de dizer.

e) O texto II não é literário porque, diferentemente do literário, parte de um aspecto da realidade, e não da imaginação.

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Exercício 4

(Enem) Senhor Juiz

O instrumento do “crime” que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver ou pistola,
Simplesmente, doutor, é um violão.

Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?

Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.

Disponível em: www.migalhbrasilescola-uol-br.atualizarondonia.com.br. o em: 23 set. 2020 (adaptado).

Essa petição de habeas corpus, ao transgredir o rigor da linguagem jurídica,

A. permite que a narrativa seja objetiva e repleta de sentidos denotativos.

B. mostra que o cordel explora termos próprios da esfera do direito.

C. demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a gravidade do delito.

D. exemplifica como o texto em forma de cordel compromete a solicitação pretendida.

E. esclarece que os termos “crime” e “processo de contravenção” são sinônimos.

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