O astrolábio é um instrumento de cálculo, medição e observação utilizado para a determinação da posição dos astros no céu e para a indicação das altitudes e profundidades. Com essas informações era possível realizar o cálculo das horas, da latitude, dos pontos cardeais e das direções a serem seguidas, bem como identificar quando um determinado evento celeste aconteceu, como o horário do nascer do Sol, por exemplo. 5d6x6t
Aperfeiçoado pelos árabes e muito usado pelos europeus nas Grandes Navegações, o astrolábio era um instrumento extremamente útil e versátil que foi muito importante para a orientação na superfície terrestre e para os estudos no campo da Astronomia.
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O astrolábio é um instrumento de cálculo, medição e observação que foi aperfeiçoado e difundido pelos árabes a partir do século VI, embora os primeiros escritos que deram origem ao objeto propriamente dito são da autoria de Hiparco de Niceia (190 a.C.-120 a.C.).
Esse instrumento foi amplamente utilizado pelos europeus durante as Grandes Navegações.
O astrolábio serve para determinar a posição das estrelas no céu, medir o seu ângulo com relação ao horizonte e também para encontrar altitudes e profundidades. Com isso se calcula a latitude, as direções e pontos cardeais, as horas do dia, o horário de eventos celestiais como o nascer e o pôr do Sol.
É formado por uma representação das principais estrelas no céu, gravadas no tímpano, e outros elementos como o mater, roda, rete, alidade e régua.
Foi muito importante pela sua versatilidade e grande utilidade para a orientação e localização no espaço.
Pelo grande número de funções que desempenhava, o astrolábio é muitas vezes chamado de computador analógico.
Os estudos sobre a metodologia aplicada no processo de construção e na utilização dos astrolábios datam dos séculos II e I a.C., tendo sido realizados na Alexandria. Os principais teoremas matemáticos e as descobertas no campo da Astronomia e da Geografia que permitiram o desenvolvimento desse instrumento são derivados do trabalho de Hiparco de Niceia (190 a.C.-120 a.C.). Entre outras contribuições, Hiparco realizou o cálculo da distância entre a Terra e a Lua, descobriu a precessão dos equinócios e a duração de um ano, além de ser considerado o pai da Trigonometria.
O primeiro planisfério, ou mapa-múndi, confeccionado pelo astrônomo e geógrafo grego Cláudio Ptolomeu (90-168), teve igual importância no desenvolvimento do astrolábio. Alguns escritos atribuem ao próprio Ptolomeu a elaboração de um dos primeiros sistemas de localização e cálculo de distâncias que foi denominado de astrolábio. Menções ao astrolábio foram feitas por Téon de Alexandria (335-405) no século I da era comum, as quais se acredita que serviram de base para o aperfeiçoamento desse objeto durante a Idade Média, e também por Sinésio de Cirene (373-414).
Escritos dos séculos VI e VII indicam que data desse período o uso propriamente dito do astrolábio, embora não seja possível fazer a datação exata de quando isso aconteceu.
Os países árabes adicionaram novos elementos e funcionalidades ao astrolábio, além de difundirem seu uso entre os séculos VIII e IX mediante a tradução dos textos antigos escritos no idioma grego. Esse instrumento foi importante principalmente na determinação do horário e na orientação espacial, funções muito utilizadas também pelos seguidores da fé islâmica no momento de realizarem os ritos tradicionais da religião, encontrando a direção em que se encontrava a cidade de Meca, por exemplo, e determinando com maior precisão os horários das orações.
O astrolábio ou a ser amplamente utilizado no Oeste Asiático e na região Norte da África, de onde seguiu em direção ao continente europeu. Foi durante a Idade Média que esse instrumento ou a ser mais utilizado na Europa, ganhando cada vez mais popularidade à medida que ia se mostrando muito útil em diversas atividades. Seu ápice aconteceu durante os séculos XV e XVI, quando recebeu a importante função de instrumento de navegação utilizado na orientação espacial.
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O astrolábio é um instrumento que apresenta várias funções. Ele serve para:
determinação das horas pelo posicionamento dos astros no céu;
determinação do horário de um evento celestial, como o nascer ou o pôr do Sol;
determinação do ângulo do Sol, das estrelas e da Lua com relação ao horizonte ou a partir do seu zênite;
determinação da distância em graus dos astros com relação à linha do equador, o que resulta na sua latitude e auxilia na identificação de posições e nos deslocamentos pela superfície terrestre;
encontrar o norte e, consequentemente, os demais pontos cardeais, o que é útil também na localização e navegação;
medição da distância de um astro com relação à superfície terrestre, isto é, sua altura;
medição da altitude e de profundidades.
Um astrolábio é formado pelos seguintes componentes:
Mater: placa principal sobre a qual se apoiam as demais partes de um astrolábio. Dispõe de uma borda graduada que é mais espessa que o restante do disco. Essa borda recebe o nome de limbo ou roda.
Limbo (ou roda): borda que apresenta escala graduada e dividida em 360°, com subdivisão em quadrantes de 90° indicando o zênite. Existem também outras gradações, que fornecem informações de horas (dividida em 24 horas) e a posição de um astro na elíptica (dividida em dias e meses).
Tímpanos: placa localizada no interior do mater. Apresenta uma série de linhas gravadas que servem para a determinação da latitude, indicando ainda elementos da esfera celeste (equador e trópicos) que aparecem como um mapa de estrelas.
Rete (ou aranha): posicionada sobre os tímpanos, girando ao redor do pino central. Esse componente era utilizado para determinar a altura em que estava uma estrela e a sua direção.
Alidade: agulha situada na parte de trás do astrolábio com a função de medir a altitude dos astros. Ao apontá-la para o Sol, é possível determinar o horário do dia.
Régua (ou agulha): utilizada para registrar as medidas lidas nas escalas graduadas, além de fazer a sua correlação com a escala das horas.
Para que a medição da posição dos astros seja feita de maneira adequada, o astrolábio deve ser mantido na vertical, sem oscilar, de forma que a linha central, que seria o equador, esteja paralela ao chão ou ao nível do mar, como quando esse instrumento era utilizado para a navegação. Uma vez nessa posição, aponta-se a agulha na direção do astro (uma estrela em específico, no caso) ou do topo do objeto cuja altitude esteja sendo medida naquele momento, utilizando o ângulo formado com o horizonte e a leitura das escalas de gradação para a informação desejada.
Com esses os aparentemente simples era possível realizar diversos cálculos para a identificação da latitude e da posição em que se estava na superfície terrestre, o cálculo das horas — que eram encontradas com a utilização do alidade — e de eventos celestiais como o horário em que o Sol nasceu, por exemplo.
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O astrolábio foi um instrumento de grande importância para a localização e orientação no espaço, em especial durante o período das Grandes Navegações. Ele continha uma representação das principais estrelas no céu, possibilitando o cálculo da posição latitudinal e de fenômenos celestiais, além da sua utilidade no cálculo da altitude e profundidade de outros objetos.
Por conta disso, o astrolábio é muitas vezes descrito na literatura como um computador analógico muito prático e até mesmo avançado para o período em que foi mais utilizado, desempenhando ainda papel importante para outros campos do conhecimento, como a Matemática e a Astronomia.
A palavra “astrolábio” tem origem grega e significa “conquistador de estrelas”.
O astrolábio planisfério é o tipo mais comum de astrolábio.
O Museu de História da Ciência, localizado em Oxford, no Reino Unido, reúne a maior coleção de astrolábios do mundo.
As escalas angulares e os círculos para azimutes foram adicionados aos astrolábios pelos árabes.
Os primeiros registros de utilização do astrolábio na Europa ocorreram na Espanha.
Na Idade Média, os astrolábios eram utilizados também no ensino e aprendizagem da Astronomia.
Créditos da imagem
[1] Lefteris Papaulakis / Shutterstock
[2] Wikimedia Commons (reprodução)
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia
Fonte: Brasil Escola - /geografia/astrolabio.htm