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Cristina Kirchner é uma política tradicional da Argentina, tendo sido eleita deputada, senadora e presidente em dois mandatos. É considerada uma representante do peronismo. 4e661t

Cristina Kirchner é uma política tradicional e um dos nomes mais importantes do peronismo na Argentina nas últimas décadas. Ela iniciou sua trajetória na política argentina na década de 1980, sendo eleita deputada provincial, deputada nacional e senadora por diferentes mandatos. Ascendeu na política junto de seu marido, Néstor Kirchner. 682o44

Ela foi primeira-dama da Argentina entre 2003 e 2007, durante a presidência de seu marido. Foi eleita presidente em 2007 e reeleita para um segundo mandato em 2011. Seu governo ficou marcado por políticas de combate à pobreza e pela defesa dos direitos humanos, embora sofresse várias denúncias de corrupção. Foi vítima de um atentado em 2022 e sobreviveu porque a arma falhou.

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Nascimento e juventude de Cristina Kirchner 6o4b63

Cristina Elisabet Fernández Kirchner nasceu na cidade de La Plata, localizada na província de Buenos Aires, em 19 de fevereiro de 1953. Ela é filha de Eduardo Fernández e de Ofelia Esther Wilhelm, sendo que seu pai trabalhava como motorista de ônibus e sua mãe trabalhava em um sindicato local.

Teve o à educação em escolas locais e cresceu em um ambiente familiar politicamente dividido, pois seu pai era antiperonista, mas sua mãe era uma peronista convicta. O peronismo pode ser entendido como a proposta política de Juan Domingo Perón, presidente argentino entre os anos de 1946 e 1955.

Entre as propostas do peronismo estão a aproximação do governo com os sindicatos, nacionalismo econômico, autoritarismo, temor ao socialismo, implantação de medidas para promover a distribuição de renda, utilização extensa de propaganda política e promoção da imagem do governante como benfeitor.

Formação acadêmica de Cristina Kirchner 235v4b

Ao longo de sua juventude, Cristina foi assumindo posições políticas que a aproximavam do peronismo e foi durante seus estudos universitários que ela se tornou de fato uma defensora dessa ideologia na Argentina. Em setembro de 1972, ela começou a cursar Psicologia na Universidad Nacional de La Plata.

Ela permaneceu durante um ano nesse curso e então decidiu ingressar no curso de Direito. Foi nesse momento que ela se converteu em uma peronista, defensora de ideais progressistas e adepta de um discurso anti-imperialista. Foi também durante o tempo na universidade que ela conheceu Néstor Kichner, com quem se casou em 1975.

Ela tornou-se de fato Cristina Kirchner depois de seu casamento com Néstor. Sua aproximação com o peronismo foi, a princípio, por meio da Juventud Universitaria Peronista, mas ela também tinha uma afinidade ideológica muito grande com o Movimiento Peronista Montonero, cujos membros são conhecidos como montoneros. Ela, porém, não concordava com a radicalização dos montoneros e seu envolvimento com a luta armada, pois acreditava que a política era o caminho ideal para realizar oposição à ditadura dos militares em seu país.

Por conta da repressão política a partir de 1976, quando a ditadura militar retornou à Argentina sob as mãos de Jorge Rafael Videla, Néstor e Cristina decidiram abandonar La Plata e se mudaram para Río Gallegos, cidade natal de Néstor. Eles acreditavam que estariam seguros em Río Gallegos, porque imaginavam que a repressão militar seria menor lá.

A ditadura argentina desatou uma grande violência contra os peronistas e outros opositores do regime, levando ao assassinato e ao desaparecimento dos corpos de milhares de cidadãos argentinos. Cristina Kirchner só conseguiu finalizar o seu curso porque o concluiu à distância, obtendo, assim, o título de bacharel em Direito em 1979.

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Carreira profissional e política de Cristina Kirchner 2k73b

A cidade de Río Gallegos faz parte da província de Santa Cruz, localizada na Patagônia. Lá, o casal Kirchner desenvolveu sua carreira profissional e política em parceria. Primeiramente, eles montaram um escritório de advocacia, atuando juntos de 1979 em diante. A partir da década de 1980, Néstor deu início à sua carreira política, e Cristina partilharia esse espaço com ele.

A partir de novembro de 1981, Néstor Kirchner ou a fazer parte de um grupo político chamado Ateneo Teniente General Juan Domingo Perón, dando início à sua trajetória política. Tempos depois, Néstor e Cristina ingressaram no Frente para la Victoria Santacruceña e juntos conquistaram cargos na política argentina. Néstor conseguir ser eleito prefeito de Río Gallegos, em 1987, enquanto Cristina Kirchner iniciou sua carreira política se elegendo para a função de deputada da província de Santa Cruz, em 1989.

Em 1991, Néstor foi eleito governador da província de Santa Cruz, e Cristina atuou diretamente na campanha de seu marido. Em 1994, Cristina e Néstor Kirchner foram eleitos para ocupar uma posição na Assembleia Constituinte que realizou uma reforma na Constituição da Argentina em 1994. No ano seguinte, Cristina conseguiu eleger-se para a posição de senadora pela província de Santa Cruz.

Em sua atuação enquanto senadora, Cristina Kirchner ficou conhecida como uma representante do peronismo, se opondo a políticas neoliberais — que estavam em evidência em toda a América do Sul no período. Inclusive, a eleição dela ao Senado argentino se deu pelo Partido Justicialista, fundado por Perón na década de 1940.

Em 1997, renunciou à posição de senadora e concorreu ao cargo de deputada (a nível nacional) no mesmo ano, elegendo-se para a função. Em 2001, foi eleita novamente para o Senado argentino, sendo, mais uma vez, representante por Santa Cruz. Exerceu o cargo até o ano de 2005 e foi reeleita para o Senado, mas desta vez concorreu pela província de Buenos Aires.

Cristina Kirchner na presidência 3z51m

Em 2007, Cristina decidiu lançar-se à presidência da Argentina, e o seu objetivo era suceder o seu marido, Néstor, presidente da Argentina, entre os anos de 2003 e 2007. Nesse período, Cristina também possuía o cargo simbólico de primeira-dama da Argentina. Cristina Kirchner era uma política influente, com posições progressistas e esposa do último presidente do país.

A plataforma política que ela defendia, com propostas em defesa dos direitos humanos e da promoção do combate à desigualdade social fez com que ela fosse eleita com mais de 45% dos votos em turno único. O governo dela ficou marcado por grande crescimento econômico e por medidas de distribuição de renda, cujo propósito era reduzir a desigualdade social.

O governo de Cristina Kirchner manteve boas relações com as nações sul-americanas, incluindo o Brasil durante os governos de Lula e Dilma Rousseff. Houve muitas críticas a Cristina Kirchner por suposto envolvimento dela com esquemas de corrupção, sendo que muitas investigações se estendem por anos.

Ela também foi criticada por entrar em choque com a imprensa constantemente com o objetivo de silenciar as críticas a seu governo e foi acusada também de procurar atrapalhar as investigações contra si. Ainda assim, ela terminou o seu governo com índices de aprovação superiores a 50%. Em 2011, ela foi reeleita com mais de 54% dos votos. Ela procurou indicar um sucessor, mas ele foi derrotado na eleição de 2015 por Mauricio Macri.

Atentado contra Cristina Kirchner 4c645i

Depois de sair da presidência, Cristina Kirchner manteve-se na política argentina sendo eleita senadora, novamente pela província de Buenos Aires. Em 2019, ela concorreu à vice-presidência junto de Alberto Fernández, e ambos derrotaram o presidente Mauricio Macri, que estava em busca de sua reeleição.

Recentemente, o debate político na Argentina aumentou sua temperatura por conta de investigações contra Cristina Kirchner e o pedido de promotores para que ela fosse condenada a 12 anos de prisão e sua proibição de ocupar cargos políticos. O pedido dos promotores se deu por conta de acusações de desvio de dinheiro público durante sua presidência.

O debate entre kirchneristas e opositores ficou bastante acirrado na Argentina, e essa radicalização política levou a um incidente em 1º de setembro de 2022. Cristina Kirchner sofreu uma tentativa de assassinato na porta de sua casa, em Buenos Aires, mas sobreviveu porque a arma usada para atirar contra ela falhou.

O autor do crime foi um brasileiro chamado Fernando Sabag Montiel, que vive na Argentina desde o começo da década de 1990. Ele, que é filho de pai chileno e mãe argentina, foi preso pela polícia argentina.

Créditos da imagem:

[1] ymphotos e Shutterstock

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História


Fonte: Brasil Escola - /biografia/cristina-kirchner.htm