Lygia Bojunga nasceu em 26 de agosto de 1932, em Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul. Mais tarde, ela se tornou atriz, além de escrever textos para o rádio e para a televisão. Acabou fazendo sucesso como escritora de livros infantis e juvenis. Assim ganhou o maior prêmio da literatura infantil e juvenil: o Hans Christian Andersen. 6k5a73
É autora de várias obras, como A bolsa amarela, seu livro mais famoso. Seus textos valorizam a imaginação e o universo infantil. Com uma linguagem simples, discutem questões sociais, familiares e de gênero. Dessa forma, estimulam a imaginação e o pensamento de leitoras e leitores.
Veja também: Antoine de Saint-Exupéry — o autor do livro infantil O pequeno príncipe
A autora brasileira nasceu em 1932, no Rio Grande do Sul.
Além de escritora, é atriz e editora dos próprios livros.
Ela é uma das mais conhecidas autoras de livros infantis e juvenis do Brasil.
Suas obras são caracterizadas pela crítica social e pelo monólogo interior.
A bolsa amarela é o seu livro mais famoso e faz sucesso há décadas.
Lygia Bojunga nasceu em 26 de agosto de 1932, em Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul. Quando tinha oito anos de idade, ela e sua família partiram rumo ao Rio de Janeiro, ando a residir no famoso bairro de Copacabana. Na Cidade Maravilhosa, ela logo se apaixonou pelo Carnaval.
Mais tarde, tornou-se atriz, apesar de acalentar o sonho de ser médica. Atuou em peça do Teatro Duse (o primeiro teatro-laboratório do Brasil, segundo Diego Molina) e também fez parte da companhia teatral Os Artistas Unidos. Casou-se, pela primeira vez, com 21 anos de idade.
Logo desistiu da carreira no teatro, e, durante 10 anos, escreveu para o rádio e para a televisão. Por volta dos anos 1970, com seu segundo marido, fundou a Toca, uma escola rural que recebeu alunos durante cinco anos, até fechar. Em 1972, iniciou sua carreira literária com a publicação do livro Os colegas.
Dez anos depois, ela decidiu morar na Inglaterra, mas não se afastou do Brasil e sempre retornava ao estado do Rio de Janeiro. A partir de 1988, voltou para os palcos ao estrear o monólogo Livro. Durante a década de 1990, continuou a encenar textos próprios.
No ano de 2002, a escritora fundou a editora Casa Lygia Bojunga e ou a editar os próprios livros. A essa altura, era uma escritora consagrada e conhecida mundialmente. Afinal, Lygia Bojunga ganhou, em 1982, o Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio da literatura infantil e juvenil.
Instituto Nacional do Livro (1971)
Jabuti (1973)
FNLIJ (1975, 1976, 1978, 1980, 1985)
APCA (1980)
Hans Christian Andersen (1982) — Dinamarca
Banco Noroeste de Literatura Infantil e Juvenil (1982)
O Flautista de Hamelin (1985) — Alemanha
Molière (1985)
Mambembe de Teatro (1986)
White Ravens (1993) — Alemanha
Orígenes Lessa (1996, 1999)
Adolfo Aizen (1997)
Júlia Lopes de Almeida (2000)
Astrid Lindgren Memorial (2004) — Suécia
Lygia Bojunga é uma autora de livros infantis e juvenis. Suas obras apresentam as seguintes características:
animais e humanos como personagens;
monólogo interior;
elementos da identidade nacional;
temáticas como amor e amizade;
valorização do universo infantil;
reflexão sobre a estrutura familiar;
crítica social;
criatividade e imaginação;
linguagem simples;
protagonismo feminino;
humor.
Leia também: Monteiro Lobato — um importante autor brasileiro de obras infantis
Os colegas (1972)
Angélica (1975)
A bolsa amarela (1976)
A casa da madrinha (1978)
Corda bamba (1979)
O sofá estampado (1980)
Tchau (1984)
O meu amigo pintor (1987)
Nós três (1987)
Livro, um encontro (1988)
Fazendo Ana Paz (1991)
Paisagem (1992)
6 vezes Lucas (1995)
O abraço (1995)
Feito à mão (1996)
A cama (1999)
O Rio e eu (1999)
Retratos de Carolina (2002)
Aula de inglês (2006)
Sapato de salto (2006)
Dos vinte 1 (2007)
Querida (2009)
Intramuros (2016)
A bolsa amarela é o livro mais famoso de Lygia Bojunga. Conta as aventuras de Raquel, a menina protagonista e narradora da história. Logo de cara Raquel manifesta suas três grandes vontades: crescer, ser homem e escrever. Afinal, a protagonista acha “muito melhor ser homem do que mulher”. E, em uma conversa com o irmão, ela explica o porquê:
— É, sim. Vocês podem um monte de coisas que a gente não pode. Olha: lá na escola, quando a gente tem que escolher um chefe pras brincadeiras, ele sempre é um garoto. Que nem chefe de família: é sempre o homem também. Se eu quero jogar uma pelada, que é o tipo do jogo que eu gosto, todo o mundo faz pouco de mim e diz que é coisa pra homem; se eu quero soltar pipa, dizem logo a mesma coisa. É só a gente bobear que fica burra: todo o mundo tá sempre dizendo que vocês é que têm que meter as caras no estudo, que vocês é que vão ser chefe de família, que vocês é que vão ter responsabilidade, que — puxa vida! — vocês é que vão ter tudo. […]. |1|
Assim, a autora coloca em discussão a questão de gênero. Além disso, ao dar protagonismo a uma menina, a realidade feminina fica em evidência. Aliás, além do irmão, Raquel também tem duas irmãs. Outro personagem é o André, só que ele é fictício. A menina escreve cartas para ele, já que decidiu ser escritora. Ela também escreve cartas para Lorelai, outra amiga inventada.
E a bolsa amarela? É de Raquel. A tia Brunilda não quis mais a bolsa, e a menina ficou com ela. Raquel esconde suas três vontades nessa bolsa amarela, as quais norteiam toda a trama. Um dia, o galo Afonso fica preso dentro da bolsa. Ele pede para o “fecho ficar meio aberto”, mas o fecho “acabou dormindo e fechou”.
Quando Raquel abre a bolsa e o galo sai lá de dentro, ela percebe que ele usa uma máscara preta, com apenas dois furos para os olhos. É primo do Terrível, um galo que “ganhava tudo quanto é briga”. Raquel também é amiga da guarda-chuva. Isso mesmo, do gênero feminino: a guarda-chuva.
Isso porque, na hora de ser feita, “o homem lá da fábrica — que era um cara muito legal e que gostava de ver as coisas gostando do que elas tinham nascido” perguntou se ela queria “ser guarda-chuva homem ou mulher”. E ela respondeu: mulher. Assim, é na convivência com esses três amigos que Raquel vai descobrindo qual das três vontades realmente lhe importa.
No final da história, duas das vontades da menina vão embora: crescer e ser homem, e uma continua com ela:
O Afonso ficou no maior espanto:
— Você não vai mais esconder as vontades dentro da bolsa amarela?
— Não. Elas viram que eu tava perdendo a vontade delas, então perguntaram se podiam ir embora. Eu falei que sim. Elas quiseram saber se podiam ir que nem pipa e eu disse: “claro, ué”.
— E a tua vontade de escrever?
— Ah, essa eu não vou soltar. Mas sabe? Ela não pesa mais nada: agora eu escrevo tudo que eu quero, ela não tem tempo de engordar.|1|
A seguir, algumas frases de Lygia Bojunga, retiradas de uma entrevista concedida à FNLIJ, em 2004:
“Revendo os meus casos de amor literário, sempre fui apaixonada por escritores altamente imaginativos.”
“A tarefa do escritor só se completa com o leitor.”
“Quanto mais coisas tiramos de nós, mais coisas crescem.”
“Quanto mais exercitamos a imaginação, mais ela se abre.”
“Ler é o exercício que mais ativa a imaginação.”
“A liberdade pressupõe uma maturidade.”
“Se você aprende a se preparar para a liberdade, ela se torna um bem insubstituível.”
“Os verdadeiros criadores, em geral, são seres neuroticamente apegados à liberdade.”
Nota
|1| BOJUNGA, Lygia. A bolsa amarela. 22. ed. Rio de Janeiro: AGIR, 1993.
Créditos de imagem
[1] Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Editora Casa Lygia Bojunga (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura
Fonte: Brasil Escola - /literatura/lygia-bojunga.htm