Estilística é a parte da gramática ou da linguística que se preocupa com os elementos criativos, subjetivos ou expressivos de uma língua. Ela pode ser: 4q334h
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É a parte da gramática ou da linguística associada ao estilo, isto é, aos elementos expressivos, criativos, de uma língua no que diz respeito a seus recursos fonéticos, sintáticos, morfológicos e semânticos.
Dessa forma, a linguagem adquire um aspecto conotativo, verificado, por exemplo, nas figuras de linguagem. E isso permite que o enunciador use a linguagem para exprimir seus pensamentos de forma mais subjetiva.
Está associada à expressividade obtida a partir da sonoridade dos vocábulos em figuras de linguagem, como:
Mas, também, em fenômenos linguísticos, como:
Veja estes exemplos:
Confira em nosso podcast: 10 palavras para enriquecer o vocabulário
Tem relação com a expressividade obtida a partir da disposição de elementos na frase ou oração, verificada em figuras de linguagem, como:
Observe estes exemplos:
A existência de uma estilística morfológica é questionada por alguns estudiosos que defendem que a morfologia não permite desvios de linguagem e que os elementos mórficos são apenas auxiliares na estilística sintática e semântica.
De qualquer forma, a estilística morfológica está relacionada à expressividade obtida por meio da formação das palavras. Portanto, o principal fenômeno que integra essa modalidade estilística é o neologismo, que se configura na criação de uma palavra nova. Então, vejamos alguns exemplos:
Refere-se à expressividade obtida a partir do significado das palavras em figuras de linguagem como:
Mas, também:
Observe estes exemplos:
O recurso estilístico, especialmente em textos literários, é um procedimento associado à expressividade, à afetividade e à subjetividade do enunciador, de forma a realizar um desvio da norma-padrão. E, portanto, os principais recursos estilísticos utilizados são as figuras de linguagem, como:
No entanto, outras áreas, que não a literária, possuem, também, seus próprios recursos estilísticos. Desse modo, um texto científico, jornalístico, jurídico, didático etc. possui suas próprias características e recursos pertinentes a cada gênero.
Isso ressalta a diferença entre o literário e o não literário, já que, por exemplo, em um texto científico, se observa um estilo mais formal e associado a uma linguagem denotativa.
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Questão 1 - (Enem)
O mundo é grande
O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de
A) oposição.
B) comparação.
C) conclusão.
D) alternância.
E) finalidade.
Resolução
Alternativa A. No poema, o polissíndeto, caracterizado pela repetição da conjunção “e”, é utilizado para estabelecer, entre as ideias relacionadas, um sentido de oposição.
Portanto, a conjunção “e”, nesse caso, tem o mesmo valor de “mas”: “O mundo é grande [mas] cabe/ Nesta janela sobre o mar./ O mar é grande [mas] cabe/ Na cama e no colchão de amar./ O amor é grande [mas] cabe/ No breve espaço de beijar”.
Questão 2 - (Enem)
Poema de sete faces
Quando eu nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
[...]
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.
Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.
No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras de outrem equivale a
A) emprego de termos moralizantes.
B) uso de vício de linguagem pouco tolerado.
C) repetição desnecessária de ideias.
D) emprego estilístico da fala de outra pessoa.
E) uso de uma pergunta sem resposta.
Resolução
Alternativa D. Ao repetir as palavras de Cristo, o eu lírico faz uma citação. Portanto, faz o emprego estilístico da fala de outra pessoa.
Questão 3 - (Enem)
Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela ou por mim?
[...]
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.
Essa palavra corresponde a um(a)
A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.
B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.
C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.
D) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.
E) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.
Resolução
Alternativa B. O termo “corasamborim” é um neologismo, isto é, uma palavra nova, criada pela união dos vocábulos “coração”, “samba” e “tamborim”.
Por Warley Souza
Professor de Gramática
Fonte: Brasil Escola - /gramatica/estilistica.htm