O oceano Glacial Antártico ou oceano Austral é um corpo d’água situado abaixo do Círculo Polar Antártico (60º S) e circunda completamente o continente antártico. Recobre uma área de quase 22 milhões de km², sendo o quarto oceano em volume e extensão. 1b414i
É composto por uma plataforma continental profunda e grandes icebergs, além de dispor de ampla biodiversidade formada por muitas espécies adaptadas às águas frias. Entre os problemas que enfrenta hoje em dia, estão o aquecimento global e o consequente encolhimento de suas áreas congeladas.
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O oceano Glacial Antártico, que pode ser também chamado de oceano Austral pela sua posição, está localizado abaixo do paralelo de 60º S, que corresponde ao Círculo Polar Antártico, e se estende pelos hemisférios ocidental e oriental. É composto pelas águas meridionais dos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, cercando as terras frias do continente antártico.
Sua área superficial é de 21,96 milhões de km², sendo assim o quarto maior em extensão. Com relação ao volume, comporta um total de 71,8 milhões de km³ de água, ficando também na quarta colocação entre as cinco subdivisões do oceano terrestre. A profundidade média do oceano Antártico é de 3270 metros, e seu ponto mais profundo fica entre os paralelos de 60º S e 24º O, na Trincheira de Sanduíche do Sul, próximo das ilhas de mesmo nome, a 7343 metros abaixo da superfície oceânica.
A subdivisão do oceano Antártico se dá por 14 mares e dois estreitos, os quais listamos a seguir. O maior deles é o mar de Weddell, que ocupa uma superfície de 2,8 milhões de km², seguido pelo mar de Somov, com 1,15 milhão de km².
Mar de Weddell
Mar do Rei Haakon VII
Mar de Lazarev
Mar de Riiser-Larsen
Mar dos Cosmonautas
Mar da Cooperação
Mar de Davis
Mar de Mawson
Mar de d’Urville
Mar de Somov
Mar de Ross
Mar de Amudsen
Mar de Bellingshausen
Parte do mar da Scotia
Estreito de Bransfield, cerca de 300 km que separam as ilhas Shetland do Sul da Península Antártica.
O oceano Glacial Antártico está integralmente inserido no Hemisfério Sul, na extremidade meridional dessa região da Terra. Sua superfície banha totalmente o continente antártico, de onde veio seu nome. Apresenta, assim, temperaturas superficiais que variam na faixa dos 10 ºC aos -2 ºC, influenciadas pela ocorrência do clima Polar e pelas correntes de águas mais quentes originárias dos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. A transição entre esses oceanos e o Austral acontece em uma faixa denominada Convergência Antártica.
Em determinadas épocas do ano, as áreas congeladas podem chegar a quase 82% de toda a superfície oceânica. Nos meses em que as temperaturas estão mais elevadas, essa porcentagem cai para 11,8%, o equivalente a 2,6 milhões de km². O rompimento de parte dessas formações geladas dá origem a grandes icebergs, que flutuam pela superfície oceânica.
Cabe destacar que a plataforma continental antártica tem profundidade que varia entre 400 m e 800 m, valor de três a seis vezes maior do que a média encontrada em outras localidades. O fundo oceânico é formado por poucas áreas rasas, estando a maior parte do terreno a profundidades de quatro a cinco mil metros.
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A exploração econômica do Glacial Antártico começou em princípios do século XX, liderada pelos caçadores de focas e baleias (em busca de matéria-prima para a produção de óleos, ração animal e carnes) destinadas, principalmente, à criação, mas, em certas quantidades, também para o consumo humano.
Embora essa atividade predatória e altamente prejudicial para o equilíbrio ambiental e a preservação das espécies tenha sido proibida em 1986, a pesca para finalidades diversas e que não se restringe à alimentação se mantém até o presente. Entre as espécies mais visadas, estão o krill (que se assemelha a um camarão) e a pescada-marlonga.
O turismo é de grande importância para a região, e, há alguns anos (2014-2016), registrava um fluxo de mais de 30 mil pessoas por ano.
Acredita-se que a existência de recursos naturais abranja também a existência de reservas de petróleo e gás natural próximo da plataforma continental, bem como de outros minerais, como é o caso do manganês, e depósitos originários de correntes marítimas.
O ecossistema marinho do oceano Antártico é extremamente rico e diverso, diferenciando-se do oceano Ártico notadamente pela quantidade de espécies. No sul, encontra-se uma grande variedade de animais únicos que possuem adaptações às águas frias bem como espécies raras. Destacam-se:
pássaros como albatrozes;
focas;
lulas;
krills;
ampla variação de plânctons, moluscos, crustáceos, esponjas;
aranhas-do-mar;
corais;
peixes não ósseos;
novas espécies são constantemente encontradas.
As águas do oceano Glacial Antártico banham:
por completo, a Antártica
a extremidade sul da América do Sul e da África
uma porção da Oceania
No total, esse corpo d’água banha 17.968 km de costa.
Na Convergência Antártica, as seguintes ilhas são banhadas pelo Austral (listadas de acordo com o território que as reivindica):
Reino Unido:
Ilhas Órcades do Sul
Ilhas Shetland do Sul
Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul
Noruega:
Ilhas Peter I
Ilhas Bouvet
Austrália: Ilhas Heard e McDonald
Nova Zelândia:
Ilhas Balleny
Ilhas Scott
Além dessas, outras ilhas e ilhotas localizadas abaixo do paralelo de 60º S são envoltas pelas águas do oceano Glacial Antártico. Listamos os nomes das 30 maiores delas nesta tabela:
Alexander |
Anvers |
Latady |
Berkener |
ville |
Renaud |
Thurston |
Charcot |
Masson |
Carney |
Rei George |
Elefante |
Roosvelt |
Mill |
Rothschild |
Siple |
Sherman |
Hearst |
Adelaide |
Smyley |
Dean |
Spaatz |
Brabant |
D’Urville |
James Ross |
Livingston |
Coronation |
Ross |
Grant |
Sturge |
Houve muita dificuldade para o estabelecimento dos limites do oceano Antártico, o que não ocorreu até o início dos anos 2000, quando foi produzido um rascunho da quarta edição do documento “Limites dos Mares e Oceanos”, da Organização Hidrográfica Internacional (OHI).
As correntes de convecção que se formam nas proximidades da Convergência Antártica promovem a ascensão de águas mais quentes e, por conseguinte, trazem nutrientes que estavam no fundo dos oceanos para porções mais superficiais. Isso favorece a ocorrência de uma maior biodiversidade nessas áreas.
Os principais problemas ambientais enfrentados hoje por esse oceano são o aquecimento global e consequente derretimento das suas plataformas de gelo, o processo de acidificação de suas águas pela maior captação de CO2 atmosférico, e a exploração comercial crescente.
As extensas áreas recobertas por gelo auxiliam enormemente na reflexão dos raios solares e, assim, na regulação do clima do planeta.
O oceano Antártico apresenta alto índice de produtividade ecossistêmica, maior do que em áreas onde predominam águas de temperaturas mais elevadas.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia
Fonte: Brasil Escola - /geografia/oceano-glacial-antartico.htm