As funções do “se” dependem de como essa palavra é classificada. A partícula “se” pode ser classificada como pronome, conjunção ou partícula de realce. Para cada classificação, o termo cumpre diferentes funções. Como pronome, o “se” pode ser reflexivo, recíproco, aivador, indeterminador. Como conjunção, ele pode ser uma conjunção subordinativa adverbial condicional, causal ou concessiva, ou uma conjunção subordinada substantiva integrante.
Por fim, o “se” ainda pode ser uma partícula de realce, a qual pode ser retirada da frase, sem gerar prejuízos.
Leia também: O que é uma conjunção?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre funções do “se”
- 2 - Videoaula sobre funções do “se”
- 3 - Quais são as funções do “se”?
- 4 - Exercícios resolvidos sobre funções do “se”
Resumo sobre funções do “se”
- As funções do “se” como pronome são: pronome reflexivo, pronome recíproco, pronome aivador, pronome indeterminador.
- As funções do “se” como conjunção são: conjunção subordinativa adverbial condicional, causal ou concessiva, ou conjunção subordinada substantiva integrante.
- O “se” também pode funcionar como partícula de realce, a qual pode ser retirada da frase sem causar prejuízo sintático.
- A partícula “se” pode ser classificada como mais de um tipo de palavra (pronome ou conjunção), por isso pode desempenhar diferentes funções.
Videoaula sobre funções do “se”
Quais são as funções do “se”?
A partícula “se” pode ser classificada em diferentes classes de palavras e, portanto, pode também desempenhar diferentes funções sintáticas. Abaixo segue uma lista de classificação das funções desempenhadas pelo “se”, com exemplos.
→ SE com função de pronome
- Pronome reflexivo: quando o “se” é pronome reflexivo, ele indica que a ação verbal foi praticada e sofrida pelo mesmo ser, ou seja, é uma ação refletida no próprio sujeito da oração.
Eles se enganaram ao escolherem o caminho.
O sujeito “eles” praticou a ação de enganar e também foi o enganado.
Maria se vestiu rapidamente para o trabalho.
O sujeito “Maria” praticou a ação de vestir em si mesma — a ação refletiu no sujeito.
Você se superou na apresentação de hoje!
O sujeito “Você” está sendo parabenizado por ter superado a si mesmo na apresentação.
- Pronome recíproco: quando o “se” é um pronome recíproco, ele indica que a ação é compartilhada de forma recíproca entre dois ou mais seres envolvidos na ação verbal.
João e Maria se abraçaram ao se reencontrarem.
O pronome “se” indica que o abraço foi dado e recebido por ambos, João e Maria.
Os amigos se cumprimentaram com entusiasmo.
O pronome “se” indica que todos os amigos cumprimentaram uns aos outros.
Os dois times se respeitaram durante o jogo.
O pronome “se” indica que o respeito foi recíproco entre os times.
- Pronome aivador: quando o “se” é um pronome aivador, indica que o sujeito da oração não pratica a ação e sim sofre o efeito dela. É com o pronome aivador que formamos as orações na voz iva sintética.
Vendem-se casas na praia.
O pronome “se” indica que o sujeito é paciente das ações, ou seja:
As casas na praia são vendidas.
Alugam-se apartamentos no centro.
O pronome “se” indica que o sujeito é paciente das ações, ou seja:
Apartamentos no centro são alugados.
- Pronome para indeterminação do sujeito: quando o “se” é um pronome que indetermina o sujeito, ou seja, quando não é possível identificar quem é o ser específico da ação verbal.
Vive-se bem nesta cidade.
O pronome “se” deixa em aberto a quem o verbo vive se refere, se todos vivem bem, se uma parte da população vive bem. Essa abrangência deixa o sujeito indeterminado.
Diz-se que o tempo cura tudo.
O pronome “se” deixa em aberto quem diz a afirmação de que o tempo cura todos, essa incerteza marca a indeterminação do sujeito.
→ SE com função de conjunção
- Conjunção subordinativa adverbial condicional: quando o “se” introduz uma oração subordinada adverbial que indica uma condição necessária para que algo ocorra.
Se não se cuidar, pode ficar doente.
O “se” introduz a oração “não se cuidar” e aponta que essa é uma condição necessária para não ficar doente.
Se você correr, ainda pode pegar o ônibus.
O “se” introduz a oração “você correr” e aponta que essa é a condição para que o sujeito consiga “pegar o ônibus”.
- Conjunção subordinativa adverbial causal: quando o “se” introduz uma oração subordinada adverbial que indica a causa, ou seja, o motivo de algo acontecer.
Se o clima está fechado, melhor não sairmos de casa.
O “se” introduz a oração “o clima está fechado” que mostra o motivo de “não sairmos de casa”, ou seja, apresenta a causa da oração principal.
- Conjunção subordinativa adverbial concessiva: quando o “se” introduz uma oração subordinada adverbial que indica uma espécie de consentimento na oração principal.
Se tivesse pouco dinheiro, ainda viajaria.
O “se” introduz a oração “tivesse pouco dinheiro” e indica que, mesmo com pouco recurso, o sujeito consentiria em viajar.
- Conjunção subordinativa integrante: quando o “se” introduz uma oração subordinada substantiva.
Não sei se ele vem à festa.
O “se” introduz a oração “ele vem à festa”, que está completando o sentido do verbo “sei”, ou seja, exerce a função de objeto direto.
→ SE como partícula de realce
Às vezes, a partícula “se” pode ser utilizada com intuito de realçar, ou seja, destacar algo na mensagem. Nesses casos, a partícula não é obrigatória, e pode ser retirada da frase sem prejuízos sintáticos.
O tempo se ou tão rápido!
O “se” é utilizado para realçar a mensagem da agem do tempo, mas, mesmo assim, sintaticamente ele pode ser retirado sem causar prejuízos à estrutura da frase.
O tempo ou tão rápido!
Saiba mais: Quais as funções sintáticas da palavra “que”?
Exercícios resolvidos sobre funções do “se”
1. (Сеѕсеm) Qual a função da partícula “se” na frase “Веm dеѕvеnturаdо ѕеrіа еlе, ЅЕ tіvеѕѕе dе gаnhаr о рãо соm о quе арrеndеrа nа асаdеmіа”.
- рrоnоmе реѕѕоаl оblíquо
- соnјunçãо соndісіоnаl
- рrоnоmе rеlаtіvо
- оbјеtо dіrеtо
- оbјеtо іndіrеtо
Resposta: B
Comentário: Na oração analisada, o “se” introduz a oração “tivesse de ganhar o pão com o que aprendera na academia”, a qual mostra uma condição que levaria o sujeito a ser “Bem desventurado”, logo, é uma conjunção condicional.
2. (CON) A partícula SE assume diferentes funções, conforme a sua disposição na oração. Os trechos a seguir confirmam essa asserção:
I - A conversa que não se pode ouvir.
II- Sem que a íntegra da conversa venha à tona, é impossível saber se é inócua ou se compromete Temer.
III- Como o governo está convicto de que nada o compromete, bem faria se brigasse pela divulgação, e não pela censura.
Assinale a alternativa que revela a classificação CORRETA, em sequência, do item sob análise:
A) Partícula aivadora; conjunção integrante; conjunção integrante; conjunção condicional.
B) Partícula aivadora; conjunção integrante; conjunção integrante; conjunção integrante.
C) Índice de indeterminação; conjunção integrante; conjunção integrante; conjunção condicional.
D) Índice de indeterminação; conjunção condicional; conjunção integrante; conjunção condicional.
E) Partícula aivadora; conjunção condicional; conjunção integrante; partícula aivadora.
Resposta: A.
Comentário: Na primeira oração, o “se” serve para indicar um sujeito ivo (As conversas não podem ser ouvidas.); na segunda oração, as duas partículas “se” são conjunções integrantes que introduzem uma oração subordinada substantiva que completa o sentido do verbo “saber”; na terceira oração, a partícula “se” indica uma condição que seria benéfica, caso fosse levada em conta.
Fontes
CUNHA, Celso. Nova gramática do português contemporâneo [recurso eletrônico) 7.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional, s/d.
