Dadaísmo

O Dadaísmo foi o movimento cultural que ocorreu depois da Primeira Guerra Mundial na Europa e nos EUA e pregava a “antiarte”.

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 O Dadaísmo, ou Dada (cavalinho de pau, em francês), foi um movimento e fenômeno cultural que ocorreu de 1916 a 1922 em alguns países da Europa e nos Estados Unidos (EUA). Diferente de outros estilos artísticos que contemplavam a arte e a estética pictórica, o Dadaísmo questionava qual era o objetivo da arte e o seu valor cultural.

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Considerado um movimento de vanguarda que propunha a antiarte, o Dadaísmo teve como representantes artistas e intelectuais de diversas nacionalidades, em especial alemães, ses e romenos. A forma de expressão dos dadaístas era ilógica, destrutiva e, ao mesmo tempo, engraçada e infantil.

Veja também: A arte após a Primeira Guerra Mundial

Tópicos deste artigo

Como começou o Dadaísmo?

O Dadaísmo começou no final da Primeira Guerra Mundial, na Europa, como um movimento literário e artístico. Porém, ao longo do tempo, tomou outros rumos, seguindo a linha de arte de protesto.

No pós-guerra, a Europa encontrava-se em um momento delicado, haja vista os acontecimentos repletos de horrores e absurdos que marcaram a guerra. Como forma de crítica e contestação às consequências da Primeira Guerra Mundial, em especial ao que era considerado arte na época, alguns artistas criaram, assim, a ideologia Dada.

Integraram o movimento Dada artistas plásticos, escritores, atores, pintores, músicos, poetas, médicos, entre outros. Em comum, eles tinham sentimentos de raiva, cinismo e decepção com os acontecimentos da época.

O fenômeno Dada começou a tomar forma em Zurique, na Suíça. Depois se espalhou em algumas cidades europeias, como Berlim, Hanover e Colônia, na Alemanha; e Paris, na França. Também teve representatividade em Nova York, nos Estados Unidos, com Marcel Duchamp e Francis Picabia.

Segundo Stephen Farthing, no livro Tudo sobre Arte, durante a Primeira Guerra Mundial, muitos artistas foram para o exílio. Em maio de 1916, o escritor e performer alemão Hugo Ball abriu a casa noturna Cabaret Voltaire, em Zurique. O local ou a abrigar outros artistas expatriados, os quais, cansados de tudo que tinham visto nos últimos tempos, poderiam extravasar seus sentimentos de fúria em relação à guerra, considerada por eles sem sentido.

Eles tinham raiva da sociedade europeia, que, na opinião deles, permitiu que a guerra aflorasse, então, apreciavam desafiar o nacionalismo, o racionalismo, o materialismo e qualquer outro “-ísmo”.

Hugo Ball e o romeno Tristan Tzara são considerados os fundadores do Dadaísmo. Tanto é que Ball leu o primeiro manifesto dadaísta em 14 de junho de 1916. Ambos diziam que Dada era uma nova tendência de arte.

A ideia do alemão e do romeno era convidar artistas e intelectuais para fazer apresentações e leituras diárias no Cabaret Voltaire.

Os dadaístas tinham em comum seus ideais. Eles queriam ir em direção oposta ao que a sociedade pensava na época, inclusive contra as tradições. Para isso, resolveram ir contra as expressões artísticas do momento, criando a “não arte”. Os dadaístas achavam que a arte havia traído a humanidade.

Obra dadaísta feita na Holanda entre 1922 e 1923.
Obra dadaísta feita na Holanda entre 1922 e 1923.
(Crédito: Domínio Público / Wikimedia)

O que significa Dadaísmo?

Segundo especialistas, a intenção do movimento era criar uma nova forma de arte, como se fosse uma criança desenvolvendo as suas primeiras falas. Tendo isso em vista, a palavra Dada também é uma referência ao primeiro balbucio de um bebê. Estudos mostram ainda que a palavra Dada tinha outros significados. Veja alguns:

  • Francês: “cavalo de pau”.

  • Alemão: “não me chateies”; “faz favor”; “adeus”; “até a próxima”.

  • Romeno: “certamente”; “claro”; “tem toda razão”; “assim é”; “sim senhor”; “realmente”; “já tratamos disso”.

Conceito de Dadaísmo

Segundo estudos, o Dadaísmo tem como conceito ser um movimento composto por arte caprichosa, colorida, espirituosamente sarcástica e, às vezes, totalmente tola.

Quem seguia a linha do Dada era contra a sociedade e, acima de tudo, contra a arte. Eles queriam destruí-la a partir de uma postura ilógica. No Dadaísmo, celebrava-se a infantilidade. Não havia preocupação com a estética visual, mas com a ideia. A falta de sentido era o próprio significado.

O Dadaísmo tinha como estilo o “Shock Art”, ou seja, arte para chocar as pessoas. Com esse foco, os artistas expressavam-se falando obscenidades, apresentavam humor escatológico, faziam trocadilhos visuais, entre outros.

O objetivo era provocar o público, o qual, por vezes, sentia-se revoltado com as formas de antiarte propostas. A intenção dos dadaístas era causar choque e indignação com as suas expressões.

O Dadaísmo sofreu influências da Abstração e do Expressionismo. Também teve pitadas do Cubismo (técnicas de colagem) e, em menor parte, do Futurismo (autopublicidade).

Leia também: Semana de Arte Moderna de 1922

Obras do Dadaísmo

Uma das principais obras do Dadaísmo é “A Fonte”, de Marcel Duchamp. (Crédito da imagem: emka74 / Shutterstock.com)
Uma das principais obras do Dadaísmo é “A Fonte”,
de Marcel Duchamp.
(Crédito da imagem: emka74 / Shutterstock.com)

No Dadaísmo, eram usados materiais como tapeçarias geométricas a vidro, gesso e relevos de madeira. Além disso, são famosas as assemblages (no francês, colagens com materiais) e fotomontagens.

Uma das expressões mais famosas do Dadaísmo eram as fotomontagens. Artistas como Hans Arp, Raoul Hausmann, George Grosz e Hannah Höch foram alguns dos nomes que adotaram a técnica, que consistia em recortar fotografias de jornais e revistas para criar colagens absurdas e satíricas.

Esses artistas colocavam recortes de palavras dentro de um saco, balançavam-no e tiravam-nas uma a uma. Em seguida, escreviam frases aleatórias.

Uma das principais obras do Dadaísmo chama-se “A Fonte”, criada em 1917 por Marcel Duchamp. A obra é um mictório, sem encanamento, de porcelana branco.

Outra obra famosa de Duchamp foi uma cópia da Mona Lisa – mais famosa pintura do italiano Leonardo da Vinci – com um bigode. No quadro, foram rabiscadas obscenidades.

Leia também: Mona Lisa, vizinha de Da Vinci

(Crédito da imagem: emka74 / Shutterstock.com)

O crítico de arte”, de Raoul Hausmann, é outra obra importante do Dadaísmo (1919). Ela continha características das fotomontagens do Dadaísmo: crítica contra o sistema, imagem irônica, autorreferência e uso da tipografia.

O Dada influenciou inúmeras revistas literárias, como a Chemarea, editada por Tristan Tzara, e Der Dada, por Hausmann. O movimento também inspirou correntes das artes visuais, como o Construtivismo. O principal movimento artístico influenciado pelo Dadaísmo foi o Surrealismo.

Cabaret Voltaire

O Dadaísmo não é lembrado somente pelas suas obras, mas também pelas apresentações barulhentas e provocativas que foram realizadas no Cabaret Voltaire.

Os artistas subiam no palco do Cabaret e faziam apresentações nonsense (absurdas), tais como bater no piano, dançar, fazer fantasias, declamar poemas sem sentido, entre outros. Os dadaístas eram muito performáticos.

Algumas apresentações faziam críticas ferozes à guerra. Poemas eram lidos em três idiomas, o que, conforme estudos, representavam homens de nacionalidades distintas morrendo ao mesmo tempo, no mesmo lugar.

Uma das apresentações memoráveis foi quando Hugo Ball vestiu-se com um traje de metal brilhante e um chapéu em formato de cone para declamar poesias com sílabas e sons. Alguns consideram Ball o precursor da poesia fonética.

Feira de Berlim

Em Berlim, em 1920, foi realizada a “Erste Internationale Dada Messe”, Primeira Feira Internacional Dadaísta. No total, foram expostas 174 obras. O foco do evento era fazer uma paródia das feiras comerciais.

Um dos destaques da Feira foi um manequim de alfaiataria suspenso no centro da sala e vestido com uniforme de oficial alemão e com uma cabeça de porco feita de papel machê.

Veja também: Poesia Marginal

Fim do Dadaísmo

Considera-se que o Dadaísmo morreu em 1922, depois que um dos seus precursores, Tristan Tzara, realizou uma palestra dizendo que, como tudo na vida, o Dadaísmo era inútil. Em 1924, o Dadaísmo converteu-se ao Surrealismo com o manifesto de André Breton.

O Dadaísmo não teve representação no Brasil, mas estudos indicam que o livro Macunaíma, de Mario de Andrade, contém características desse movimento.

Principais nomes do Dadaísmo

É importante destacar que o Dadaísmo não é um estilo de arte como o Cubismo, Futurismo e Surrealismo. Além disso, não foi formado apenas por artistas. Confira abaixo os principais nomes:

  • Tristan Tzara (poeta romeno)

  • Hans Arp (pintor e poeta alemão)

  • Hugo Ball (poeta, escritor e filósofo alemão)

  • Francis Picabia (pintor e poeta francês)

  • Marcel Duchamp (pintor e escultor francês)

  • Man Ray (pintor, fotógrafo e cineasta americano)

  • Max Ernst (pintor alemão)

  • Kurt Schwitters (artista plástico alemão)

  • Hans Richter (artista plástico alemão)

  • Richard Huelsenbeck (poeta, músico e médico alemão)

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¹Crédito da imagem: Domínio Público / Wikimedia 


Por Silvia Tancredi
Equipe Brasil Escola

Feira de Dadaísmo em Berlim
Na Feira de Berlim (1920), os satíricos dadaístas colocaram um manequim suspenso vestido como oficial alemão. (Imagem de Domínio Público¹)
Crédito da Imagem: Domínio público/wikimedia
Escritor do artigo
Escrito por: Silvia Tancredi Escritor oficial Brasil Escola
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TANCREDI, Silvia. "Dadaísmo"; Brasil Escola. Disponível em: /artes/dadaismo.htm. o em 30 de maio de 2025.
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