Os eventos climáticos extremos marcaram o ano de 2024 no Brasil e no mundo. Entre eles estão a enchente histórica no Rio Grande do Sul, a seca em importantes rios brasileiros, o recorde de incêndios florestais e as ondas de calor.
Este deve ser o ano mais quente da história no planeta, segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia (C3S). Pela primeira vez, o mundo teve um aumento de temperatura superior a 1,5ºC, que remonta ao período industrial.
Carlos Eduardo Young, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), enfatiza que a mudança climática é uma realidade que já impacta o presente e que os desastres deste ano são apenas o começo do que pode vir se não houver ações de urgência.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirma que há avanços no desenvolvimento de ações e políticas para conter esses probemas. A COP-30 que acontecerá em Belém no próximo ano é uma oportunidade do Brasil liderar os debates globais para uma agenda direcionada à redução dos impactos ambientais, completa Young.
Veja também: O que são e como são causadas as mudanças climáticas
5 eventos climáticos que marcaram o ano de 2024
Confira a seguir cinco eventos climáticos extremos que marcaram o ano na Retrospectiva Ambiental 2024:
1) Enchente histórica no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul foi atingido por fortes chuvas entre os dias 26 de abril e 5 de maio, que provocaram a maior enchente do estado e a maior tragédia climática enfrentada pelos gaúchos. As precipitações chegaram a atingir o nível de 800mm no acumulado de chuvas.
Os temporais afetaram mais de 2 milhões de pessoas e provocaram mais de 180 vítimas fatais. Quanto ao impacto econômigo, a estimativa é de R$ 87 bilhões, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
Entenda a seguir as causas e consequências das enchentes no Rio Grande do Sul na videoaula:
Veja: Diferença entre inundação, enchente e alagamento
2) Incêndios florestais atingem recorde em diferentes regiões brasileiras
Conforme dados da WWF-Brasil, em 2024, os incêndios bateram recordes em diferentes regiões brasileiras:
-
Maior nível na Amazônia da série histórica de 17 anos;
-
Pior índice desde 2012 no Cerrado;
-
Aumento de 600% dos focos de incêndio no Pantanal nos dez primeiros meses do ano se comparado ao ano anterior.
Uma das consequências foi a redução da população da vida selvagem de maneira significativa, conforme aponta o Relatório Planeta Vivo.
Teste seus conhecimentos sobre mudanças climáticas nesta página de exercícios.
Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil.
3) Secas em rios
Importantes rios brasileiros sofreram com secas históricas registradas em 2024. O Rio Solimões atingiu seu menor nível na cidade de Tabatinga (AM), fronteira com a Colômbia. Em Tefé, também no Amazonas, o Lago Tefé secou, ameançando a vida dos botos-cor-de-rosa.
Crédito: Divulgação / Agência Gov.
4) Aquecimento do oceano e branqueamento de corais
O aquecimento do oceano atingiu nível considerado recorde conforme temperaturas registradas nos meses de fevereiro, março e abril, em que houve um registro de 21,17ºC, conforme o NOAA Optimum Interpolationa SST (OISST). O fato provocou um fenômeno conhecido como branquando de corais, chegando a afetar 77% dos recifes em todo o mundo.
“A temperatura do oceano está acima do esperado há 10 meses e, infelizmente, quase ninguém percebe a relevância disso. É como se o nosso corpo estivesse sistematicamente com febre, indicando que algo está muito errado, e continuássemos a viver da mesma forma, sem nos preocupar”.
Ronaldo Christofoletti, membro da RECN e do Grupo Assessor de Comunicação para a Década do Oceano da UNESCO
5) Ondas de calor
As ondas de calor foram intensas e frequentes em diferentes regiões brasileiras ao longo de 2024. As médias de temperaturas nos estados foram superiores em muitos meses.
Crédito: Tânia Rego / Agência Brasil.
Videoaula sobre mudanças climáticas
Entenda os diferentes fatores relacionados às mudanças climáticas na videoaula a seguir:
Por Lucas Afonso
Jornalista
